sexta-feira, abril 28, 2006

Eleições no Sporting - Candidatos

O Sporting Clube de Portugal vai a votos. Qualquer que seja o desfecho deste acto eleitoral há um aspecto positivo que não se pode deixar de registar: o Sporting voltou a ter eleições e várias listas candidatas.

Filipe Soares Franco, Guilherme Lemos e Sérgio Abrantes Mendes são as fuguras que se perfilam para assumir a presidência do maior clube desportivo português. No dia do acto eleitoral, aqui fica a minha análise aos três candidatos.

Filipe Soares Franco. Pretende vender parte do património não desportivo, vender parte do capital social da SAD, apostar no futebol como motor de desenvolvimento do Sporting. Modalidades, só as que se mostrarem viáveis e capazes de andar pelas próprias pernas. Apesar disto, curiosamente, aparece como continuador do Projecto Roquete!!! Rodeado de uma excelente equipa (pelo menos, se considerarmos a perspectiva empresarial/gestão: Miguel Ribeiro Teles, José Eduardo Betencourt, Diogo Vaz Guedes, Filipe de Botton, entre outros são nomes de respeito no panorama empresarial português), insiste, no entanto, no mesmo erro que, ao longo da última década tem afastado, paulatinamente, os sócios/adeptos do clube: um total desprezo pela base popular do clube e por muitas das suas figuras desportivas (Moniz Pereira é a excepção que confirma a regra) e um enfoque excessivo (quase exclusivo) nas questões financeiras.
A seu favor, para além da equipa apresentada, tem o apoio das instituições bancárias, embora acerca destas paire a suspeição de relações promíscuas com dirigentes do Sporting e empresas em que os mesmos têm interesses. Representante da já chamada "oligarquia", não perderia nada se adoptasse um modelo de comunicação de maior proximidade, abertura e respeito para com os sócios, rompendo com o que tem sido a tradição da última década.

Guilherme Lemos. Tinha sérias dúvidas que fosse a votos. Sem projecto, sem apoios, sem capacidade de comunicar as suas ideias (se é que as tem) e rodeado de "ilustres desconhecidos" nas suas listas aos diversos órgãos sociais, parecia um candidato destinado a deixar de o ser ainda antes de sê-lo.
A somar a tudo isto, revelou também uma total falta de lucidez ao não perceber que não tinha condições para ir a votos. Deveria ter seguido o exemplo de Dias Ferreira que, numa demonstração de grande sportinguismo, decidiu abdicar quando percebeu que, para ser Presidente do Sporting, não basta querer e ser um grande sportinguista. É preciso, também, ter capacidade para resolver os problemas do clube. Só lhe ficou bem.

Sérgio Abrantes Mendes. Tem sabido aproveitar os defeitos dos senhores do poder. Com um discurso a apelar à emoção, ao coração dos sócios, tem conseguido captar simpatia de franjas descontentes com o distanciamento dos actuais corpos dirigentes. Não apresentou nenhum projecto digno desse nome. Tem, até, usado um discurso demasiado populista e demagógico. Porém, só o facto de “garantir” não vender o património (desportivo e não desportivo), cercar-se de algumas figuras relevantes do passado desportivo e lançar algumas ideias genéricas, parecem suficientes para atrair o apoio de adeptos, simplesmente pelo facto dos mesmos não confiarem mais em quem os dirigiu durante onze anos. Ironia do destino, o ex-Presidente da Mesa da Assembleia-geral do S.C.P., no mandato de Jorge Gonçalves, aparece agora, aos olhos de muitos sportinguistas, como o homem capaz de recuperar o clube financeira e desportivamente.


Conclusão. Para mim, Soares Franco deve ser o eleito. Honestamente, não estou completamente convicto da minha opção. Foram cometidos demasiados erros nesta última década. O projecto que catapultaria o Sporting para o futuro, asfixia-o. Não há estratégia no futebol. Os gestores ficam radiantes quando conseguem uma mais valia com um jogador, mas esquecem-se da importância da presença na Liga dos Campeões. Ser quase campeão, faz uma época ser positiva. O clube perde mística e entusiasmo e os sócios não se revêem nos seus representantes. As modalidades, ao abandono, vão fazendo alguns milagres. Foi deprimente ver, ano passado, o SCP perder o campeonato de futsal, no jogo de desempate que deveria ser jogado em casa mas foi jogado num pavilhão alugado, onde a maior parte dos adeptos eram da equipa adversária.
Sinto pena por não ter surgido outra candidatura que apresentasse um projecto sério e credível (para mim, só a candidatura de FSF o fez), que servisse de contraponto e permitisse aos sócios um maior esclarecimento e uma alternativa. Até porque nunca é bom quando alguém diz que "esta é a única solução" e não aparece ninguém a apresentar outra. Há sempre outras soluções.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é...
O tão falado "Projecto Roquette" deu no que deu...Se não me engano, o projecto imobiliário era para estar rentabilizado ou a rentabilizar nesta altura. Afinal é um grande cancro a roer as contas do nosso SCP. Alguém está contente. Onde é que já se viu construir um Shopping sem Hipermercado? Só connosco... Não se via logo que ia dar bode?
Agora temos um clube simpático que quase ganha coisas...Temos um orçamento para investir no futebol que, de ano para ano vai diminuindo ( neste momento, cerca de metade dos nossos directos adversários ), porque a tão orgulhosamente falada " perspectiva Empresarial do SCP" não se compadece com exageros... Apostamos na formação de jovens talentos...sim senhor, todos concordamos ! Que ao fim de um ano ou dois, vão engrossar as fileiras dos nossos adversários. Mas isto tem lógica? Quando é que metem na cabeça que é com resultados desportivos de relevância que se ganha dinheiro com as SAD's?
Vejam o caso do SLB... Estamos a ser gamados no campeonato, para que os nossos vizinhos da 2ª Circular atinjam o acesso directo à Champions...Até eles já perceberam que é assim... Será que os nossos dirigentes são burros? Ou querem parecer....